Ela sentia falta dele. Mas era uma falta que corroía cada centímetro do seu corpo, deixava o inverno aqui do sul ainda mais frio, as piadas perdiam a graça, as músicas não dançavam mais em seus ouvidos, o sorriso não tinha cor. Era tudo tão triste sem ele. A distância corrói, ela nunca tinha experimentado, mas teve que aprender a lidar com os tais quilômetros dolorosos. Mas ele já vem, ela pensava, ele já vem e tudo vai ficar bem de novo. Mas e enquanto ele não chega?
Os dias se arrastam, a última semana parece demorar anos para passar. Cada minuto se contorce como se não quisesse seguir. "Vamos, eu preciso que chegue logo. Que ele chegue logo!" gritavam seus pensamentos. Ela lia, mas nenhum livro parecia prendê-la ali, logo lembrava dele em alguma frase qualquer e detinha uma lágrima que cismava em vir. Ela só sorria, ao fim da noite, quando ele ligava pra ela só pra ouvir umas poucas palavras antes de dormir.
Ainda faltavam alguns dias, ela passara o dia todo fingindo não sentir uma dor imensa dentro do peito. Tentara ligar para ele algumas vezes a tarde, não conseguira e outras desista antes da primeira chamada. "Ele deve estar ocupado, devo estar ficando louca." pensava e logo voltava para a cama. Eram apenas oito horas e lá estava ela, deitada, indo dormir cedo para adiantar o dia de amanhã.
Mas ela não conseguiu dormir. Revirava na cama, essa, tão vazia. Apertava-se nas cobertas, essas, tão frias. Então ela chorava. Ela não queria mais chorar, mas as lágrimas sempre vem ao anoitecer. É tudo tão vazio sem ele. Ela se sentia vazia sem ele. É como se faltasse um pedaço, sabe? Como se o dia sempre faltasse algo, e só a noite ela se lembrava do quanto era completo estar com ele todos os dias. Num sussurro ela dizia para o travesseiro vazio ao seu lado: sinto sua falta...
O telefone toca.
- Alô? - ela com uma voz rouca atende.
- Amor? Você estava chorando?
Era ele. Ela não queria que ele percebesse sua tristeza.
- Hm, como você está? - ela diz como que mudando de assunto.
- Com frio. Está frio aqui fora.
- Aqui fora? Como assim? Onde você está?
- Abre o portão, estou aqui.
Ela corre, com os olhos fundos de lágrimas, com o cabelo desarrumado e descalça até o portão. Assim que abre a porta da frente se depara com ele, ali, na frente da sua casa. O menino dela. O amor dela. Ali, pra ela. Ela corre, e aqueles pareceram os metros mais longos da sua vida, até que finalmente ela vence a tal corrida e tem seu prêmio: ele. Se abraçavam como se quisessem colar as almas, o abraço mais longo e delicioso de toda sua vida. O abraço que tava ali pra superar qualquer noite de lágrima e meses de saudade.
Após abraços, beijos, carinhos, eles se olham fixamente. Os olhos chorosos de ambos, a saudade de ambos estampada em cada carinho. Ele passa a mão delicamente pelo rosto dela, como se quisesse relembrar cada detalhe. Ela sorri e deixa algumas lágrimas caírem, era tão bom sentir ele ali.
- Senti tanto sua falta. - ele diz.
Então se apertam num abraço, chorando, consolando-se.
Ele ia embora dali a alguns dias, mas isso eu não preciso dizer, ninguém precisa lembrar. Deixa pra depois. Afinal, quem é que vai estragar um amor tão bonito assim? Deixa. Deixa o amor gritar ali no meio o quanto é bonito amar e o quanto um reencontro vale toda a saudade.
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